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São Paulo, SP, Brazil
A poesia é água cristalina, sacia a sede, alimenta o espírito. Já não posso mais dizer se ela quem me habita ou o contrário. Como explicar sobre? A escrita é uma lâmina afiada, um vulcão, ou apenas ilha de águas mornas, banha pés descalços... Nunca quis definir a poesia, melhor esquecer-se das explicações. Escrever passou a ser janela exposta, que por hora, mantêm-se aberta ao mundo de quem lê. *** Mineira/Paulistana/ Poeta, Escritora, Administradora de Empresas, Pós Graduada em Gestão Empresarial. Laureada com o III Prêmio Canon de Literatura e Poesia em 2010. Márcia Christina Lio Magalhães é Sócia-Fundadora da Academia de Letras Juvenal Galeno, onde ocupa a Cadeira nº 10. Diretora de Relações Culturais da ALJUG. Membro da ACE - Associação Cearense de Escritores. Este Blog é dedicado a todos os amantes da poesia e que possamos através dela, unir horizontes, atravessar oceanos, iluminar os corações, alegrar os solitários, apaziguar a alma, multiplicar as amizades, eternizar as emoções. Sejam bem vindos!*** Livros Publicados: POETAR É PRECISO - 1° edição 2010 ** A PELE QUE HABITO - 1° edição 2013.

29 de abr. de 2009

Amizade


É ter um colo nas noites frias de solidão...
É você poder falar tudo o que sente, sem medo de ser julgado.
Costumo dizer que:
__ quem tem um amigo não precisa de Psicólogos.
Nada contra estes profissionais técnicos, mas se temos um amigo verdadeiro, porque não dizer a ele o que sentimos, ao invés de falar com um estranho?
Ser amigo é doar os ouvidos, ainda que seja no meio da madrugada, quando se chora por amor...
Amigo é aquele que lembra do seu aniversário, liga, manda um sms, ou se esquece, e um mês depois vem todo envergonhado dizer algo, e nós perdoamos.
Amizade começa na infância, geralmente quando não temos bicicleta ele chega de mansinho oferece a dele, nos ensinando a pedalar.
Amigo é aquele que divide o lanche no jardim da infância e desenha a gente de mãos dadas sorrindo, numa paisagem que tem sol, árvore, casa, cachorro, flores, pai, mãe, irmãos...
Amigo é aquele que diz as mentiras mais verdadeiras, só pra não nos magoar...
E quando estamos diante de verdades absolutas que nos apunhalam o peito, esta lá o amigo segurando as nossas mãos...
Daí crescemos, vamos passando pela vida, pela puberdade, adolescência, faculdade, formatura, ele sempre do nosso lado, com um sorriso largo, em punho o diploma dizendo:
“você viu, nem foi tão difícil assim nós conseguimos!”
O que dizer então daquele amigo “virtual”?
Um ser que nunca tocamos, não olhamos nos olhos, não tomamos uma deliciosa xícara de café num outono cinzento, ou ainda nem tivemos oportunidade de tomar um chopp, jogar conversa fora, à beira de uma mesa num barzinho qualquer...
Não tivemos chance de dividir um churrasco no domingo, ouvindo rock em roll dos anos 70, relembrando como era bom a vida há 20 anos atrás...
Ah, mas esse amigo cibernético é especial!
Apesar da frieza de uma tela de computador, a gente sabe que do outro lado tem um coração, sempre a nos dedicar palavras de incentivo, apoio.
Trocamos experiências, falamos de música, família, amores, política, religião, poesia...
Como esses amigos são fundamentais.
Após um tempo de convivência, percebemos que mesmo a distância que nos separa do mundo dito real, temos tantas semelhanças, cumplicidades, que passamos de imediato a admirá-los, a torcer por eles, ficamos preocupados
se estão bem ou não...
Eles com o tempo vão fazendo parte da nossa vida, pois uma tela em branco desenhando letras, são só detalhes nesse mundo digital!
Portanto, a todos os meus amigos, virtuais ou não, agradeço cada letra, cada tempo dedicado a manter essa amizade viva, pulsante, alegre, otimista. Agradeço por fazerem parte da minha vida, ainda que a distância, por esta tela de computador possa parecer para muitos irremediavelmente fria, eu vos afirmo:
__ Feliz o mortal que inventou esta máquina, pois através dela:
recebo sorrisos,
distribuo abraços,
mando entregar flores,
viajo de trem, barco,
mergulho em ideias,
atravesso o mar,
ouço os passarinhos,
sobrevoou as cidades,
ruas, países,
aprendi a dançar,
troco experiências,
deixo escapar uma lágrima,
balbucio palavras,
semeio a terra da imaginação,
onde florescem flores,
de uma árvore centenária
chamada Amizade...
Que nos emociona
Nos cede a sombra
Nos impulsiona
a enfrentar a vida,
dia após dia
"com esse comboio de corda
que se chama coração..."

(Márcia Cristina Lio Magalhães)

28 de abr. de 2009

"Mas a saudade às vezes faz bem ao coração.
Valoriza os sentimentos, acende as esperanças
e apaga as distâncias. Quem tem um amigo,
mesmo que um só, não importa onde se encontre,
jamais sofrerá de solidão; poderá morrer de saudades,
mas não estará só."

(Trecho do Livro: Cem Dias Entre o Céu e o Mar
Autor: Amyr Klink - pag. 147)

24 de abr. de 2009

Soneto da Fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor ( que tive ):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

(Vinícius de Morais)

23 de abr. de 2009

Frases...

"Triste é bater à porta de um coração
que pela fresta lhe informa
já estar ocupado..."


"Não há estratégia perfeita
diante de um coração desarmado!"


"Nem sempre os lábios refletem
o que no íntimo diz o coração..."


"Não vou deixar de ser quem sou
Só para satisfazer as massas.
Ser autêntico custa caro, eu que o diga!"

(Márcia Cristina Lio Magalhães)

Learning To Fly - Pink Floyd

20 de abr. de 2009

Vem por aqui...

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...


A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

(José Régio, pseudônimo literário de José Maria dos Reis Pereira)

18 de abr. de 2009

Segredo

Quase sem querer
A moça se desculpa
Diz não saber
Responde ao coração

E ele insistindo
Questiona de novo
Pois sangra a ferida
Que tarda a doer

E mesmo perdida
A moça declama
Afirma, não ama
Querendo esquecer...

Aos olhos do mundo
Tropeça nas letras
Se engana na chama
Que teima em arder

Mas mesmo baixinho
O coração sussurra
Que a lágrima perdida
Contou-lhe um segredo

Que a tempos ela guarda
No esquerdo do peito
O amor de outrora
Que não pôde ter...


(Márcia Cristina Lio Magalhães)

17 de abr. de 2009

Relicário

É uma índia com colar
A tarde linda que não quer se pôr
Dançam as ilhas sobre o mar
Sua cartilha tem o A de que cor?

O que está acontecendo?
O mundo está ao contrário e ninguém reparou
O que está acontecendo?
Eu estava em paz quando você chegou

E são dois cílios em pleno ar
Atrás do filho vem o pai e o avô
Como um gatilho sem disparar
Você invade mais um lugar
Onde eu não vou

O que você está fazendo?
Milhões de vasos sem nenhuma flor
O que você está fazendo?
Um relicário imenso deste amor

Sobe a lua porque longe vai?
Corre o dia tão vertical
O horizonte anuncia com o seu vitral
Que eu trocaria a eternidade por esta noite

Porque está amanhecendo?
Peço o contrario, ver o sol se por
Porque está amanhecendo?
Se não vou beijar seus lábios quando você se for

Quem nesse mundo faz o que há durar
Pura semente dura: o futuro amor
Eu sou a chuva pra você secar
Pelo zunido das suas asas você me falou

O que você está dizendo?
Milhões de frases sem nenhuma cor,
O que você está dizendo?
Um relicário imenso deste amor

O que você está dizendo?
O que você está fazendo?
Por que que está fazendo assim?
...está fazendo assim?

(Nando Reis)



16 de abr. de 2009

Se te pareço

Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
Desejasse
Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.
Te olhei. E há tanto tempo
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta
Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.
(Hilda Hilst)

7 de abr. de 2009

Chuva

Hoje chove muito, muito,
e parece que estão lavando o mundo.
Meu vizinho do lado contempla a chuva
e pensa em escrever uma carta de amor
uma carta à mulher que vive com ele
e cozinha para ele e lava a roupa para ele
e faz amor com ele, e parece sua sombra
meu vizinho nunca diz palavras de amor à mulher
entra em casa pela janela e não pela porta
por uma porta se entra em muitos lugares
no trabalho, no quartel, no cárcere,
em todos os edifícios do mundo mas não no mundo
nem numa mulher, nem na alma, quer dizer,
nessa caixa ou nave ou chuva que chamamos
assim como hoje, que chove muito
e me custa escrever a palavra amor
porque o amor é uma coisa
e a palavra amor é outra coisa
e somente a alma sabe onde os dois se encontram
e quando, e como
mas o que pode a alma explicar?
por isso meu vizinho tem tormentas na boca
palavras que naufragam
palavras que não sabem que há sol
porque nascem e morrem na mesma noite em que amou
e deixam cartas no pensamento que ele nunca escreverá
como o silêncio que há entre duas rosas...
ou como eu, que escrevo palavras para voltar
ao meu vizinho que contempla a chuva
à chuva ao meu coração desterrado...

(Juan Gelman)

2 de abr. de 2009

"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas
do que é possível fazer sentido.
Eu não: quero é uma verdade inventada."

(Clarice Lispector)
"Estou por assim dizer vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma,
e não me alcanço."

(Clarice Lispector)

1 de abr. de 2009

Música também é poesia...

Só Hoje

Hoje eu preciso te encontrar de qualquer jeito
Nem que seja só pra te levar pra casa
Depois de um dia normal...
Olhar teus olhos de promessas fáceis
E te beijar a boca de um jeito que te faça rir
(que te faça rir)

Hoje eu preciso te abraçar...
Sentir teu cheiro de roupa limpa...
Pra esquecer os meus anseios e dormir em paz!

Hoje eu preciso ouvir qualquer palavra tua!
Qualquer frase exagerada que me faça sentir alegria...
Em estar vivo.

Hoje eu preciso tomar um café, ouvindo você suspirar...
Me dizendo que eu sou o causador da tua insônia...
Que eu faço tudo errado sempre, sempre.

Hoje preciso de você
Com qualquer humor, com qualquer sorriso
Hoje só tua presença
Vai me deixar feliz
Só hoje

(Jota Quest)