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São Paulo, SP, Brazil
A poesia é água cristalina, sacia a sede, alimenta o espírito. Já não posso mais dizer se ela quem me habita ou o contrário. Como explicar sobre? A escrita é uma lâmina afiada, um vulcão, ou apenas ilha de águas mornas, banha pés descalços... Nunca quis definir a poesia, melhor esquecer-se das explicações. Escrever passou a ser janela exposta, que por hora, mantêm-se aberta ao mundo de quem lê. *** Mineira/Paulistana/ Poeta, Escritora, Administradora de Empresas, Pós Graduada em Gestão Empresarial. Laureada com o III Prêmio Canon de Literatura e Poesia em 2010. Márcia Christina Lio Magalhães é Sócia-Fundadora da Academia de Letras Juvenal Galeno, onde ocupa a Cadeira nº 10. Diretora de Relações Culturais da ALJUG. Membro da ACE - Associação Cearense de Escritores. Este Blog é dedicado a todos os amantes da poesia e que possamos através dela, unir horizontes, atravessar oceanos, iluminar os corações, alegrar os solitários, apaziguar a alma, multiplicar as amizades, eternizar as emoções. Sejam bem vindos!*** Livros Publicados: POETAR É PRECISO - 1° edição 2010 ** A PELE QUE HABITO - 1° edição 2013.

7 de abr. de 2009

Chuva

Hoje chove muito, muito,
e parece que estão lavando o mundo.
Meu vizinho do lado contempla a chuva
e pensa em escrever uma carta de amor
uma carta à mulher que vive com ele
e cozinha para ele e lava a roupa para ele
e faz amor com ele, e parece sua sombra
meu vizinho nunca diz palavras de amor à mulher
entra em casa pela janela e não pela porta
por uma porta se entra em muitos lugares
no trabalho, no quartel, no cárcere,
em todos os edifícios do mundo mas não no mundo
nem numa mulher, nem na alma, quer dizer,
nessa caixa ou nave ou chuva que chamamos
assim como hoje, que chove muito
e me custa escrever a palavra amor
porque o amor é uma coisa
e a palavra amor é outra coisa
e somente a alma sabe onde os dois se encontram
e quando, e como
mas o que pode a alma explicar?
por isso meu vizinho tem tormentas na boca
palavras que naufragam
palavras que não sabem que há sol
porque nascem e morrem na mesma noite em que amou
e deixam cartas no pensamento que ele nunca escreverá
como o silêncio que há entre duas rosas...
ou como eu, que escrevo palavras para voltar
ao meu vizinho que contempla a chuva
à chuva ao meu coração desterrado...

(Juan Gelman)

2 comentários:

  1. Márcia querida, ler Gelman falando sobre Chuva, vendo as flores, lentamente aparecendo por causa, dela, cheva, em Paris, é um dos grandes privilégios que se pode ter! Eu lhe agradeço, comovido..."porque o amor é uma coisa e a palavra amor é outra coisa". E devemos tatar essa palavra com muita delicadeza, co o você faz! Estou trabalhando muito, bebendo excelentes vinhos, enfim, usufruindo a primavera insuperável daqui.
    Beijos.

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  2. Márcia querida, ler essa Chuva do Gelman, vendo as flôres aparecerem, lenta e lindamente nessa Paris de todas as primaveras, é um privilégio muito grande! Tenho trabalhado, bebericado e visto grandes eventos: aliás nessa época em cada esquina tem um evento!
    Espero estar transferindo para você o delicado sentimento que me envolve...
    Beijos.

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